quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os bens da Ordem do Templo em Sintra

RUI OLIVEIRA


A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão [Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici] também, e sobretudo, conhecidos por “Os Templários”, têm, por via da sua história algo atribulada, merecido a atenção de muitos entusiastas da História medieva.

Uns, levados por prodigiosa imaginação, julgam ver nessa antiga e extinta instituição canónica, seres oriundos de outros “mundos”, ou detentores de sapiências e poderes extraterrestres. Outros, mais realistas mas, ainda assim, Românticos, cuidam que esta poderosa canónica continua a sua existência, secretamente, guardadora de bens materiais incalculáveis habilmente escondidos um pouco por essa Europa fora. Quer uns, quer outros, apenas refletem a riqueza histórica, de prestígio militar, de poder económico que esta Ordem, de Persona-Mista, granjeou na Idade Média. Poderes que acabariam por a levar à ruína, minada pela inveja e choque de interesses vários.

Como árvore frondosa, profundamente enraizada no solo europeu cristão esta, apesar de cortada, rebentou enxertada. O rebento mais profícuo aconteceu, precisamente, no Reino de Portugal com a sua transformação em a Ordem do Senhor Jesus Cristo, vulgo Ordem de Cristo, que passou a incorporar todos os bens que então detinha no mesmo, a sua antecessora, bem como os que, fruto do seu trabalho na senda da descobertas marítimas, haveria de incorporar.

Na Sintra dos tempos genesíacos dos Templários em Portugal, bem como do Pós-Reconquista da região de Lisboa, em 1147, sabemos, por Inquirições Régias, coevas e posteriores, que os bens desta Ordem dos Templários, eram bem modestos; quer em relação a outras regiões do reino, quer por comparação com os bens de outras Ordens em Sintra e seu termo. Pelo Rol da Inquirição Régia de 1220, para parte da Estremadura e região de Lisboa, sabemos que a Ordem do Templo detinha em Sintra:

«Umas boas casas; tendas [espaço de venda que podiam ser aforadas ou de exploração directa, e nas quais era, ou podia ser, vendido, o vinho, a fruta e leguminosas de sua produção local]; duas vinha; uma almoínha [horta] e um moinho de água [engenho moageiro de cereais]», isto na vila de Sintra. 

No termo da mesma: «em Almosquer um pomar; em Manzanária [que alguns investigadores assinalam como Maceira] uma boa granja com quatro casais; no Vimieiro uma herdade; em Almoçageme [no documento Almozaieme] outra herdade; na Adraga outra; e em Rebanque [no documento Revanqui] dois casais».

Não consta que nestas antigas propriedades existam tesouros alguns escondidos; nem túneis secretos, muito menos se acredita que o “Santo Gral” aqui esteja secretamente guardado.




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