terça-feira, 3 de março de 2015

Fala-vos um “radical”…

ANTÓNIO LUÍS LOPES
Há coisas em que sou radical. Sou radical na defesa da democracia e da liberdade. Sou radical na defesa de quem trabalha, dos seus salários, dos seus direitos. Sou radical numa Justiça igual para todos, independentemente do estatuto, classe social, cargo ou fortuna pessoal. Sou radical na defesa de Educação e Saúde públicas para todos, porque um país com cidadãos mais cultos e devidamente apoiados na doença é um país certamente mais desenvolvido e justo.
Sou radical na lealdade, na lisura, na honestidade, na equidade. Sou radical na coerência, na verdade, na frontalidade. Sou radical na memória daqueles que nos antecederam e deram o melhor de si para o bem comum, muitas vez com o custo da própria vida - devem ser lembrados e servir de exemplo. Sou radical no combate ao fascismo, ao nazismo, a todos os totalitarismos ideológicos ou religiosos que degradam a condição humana e renegam o espírito de concórdia e de paz. Sou radical contra a estupidez erigida em sabedoria.
Sou radical na defesa das tradições que são como as raízes profundas das árvores e que, quando cortadas, fazem a árvore morrer. Sou radical contra as ervas daninhas que, mesmo aparentando belas cores, impedem as plantas úteis de crescer. Sou radical contra a prepotência, contra a intolerância, contra o medo enfiado na alma como forma de limitar a natural divergência entre os seres humanos. Sou radical contra a vulgaridade, contra a mentira, contra as falsa aparências.
Sou radical na defesa do trabalho coletivo, no elogio do contributo individual e na repartição justa dos elogios e dos louros por todos. Sou radical na defesa da Pátria. Sou radical na defesa das minhas convicções e não as altero em função de interesses ou de pressões se continuar a achar que são justas e corretas. Sou radical no elogio ao bom trabalho alheio. Sou radical a cumprimentar seja quem for com a mesma atenção e respeito. Sou radical no amor à minha família e na lealdade aos meus amigos.
Dizem alguns que este radicalismo já não se usa na Política atual - e, talvez sem se darem conta, estão a apontar para a razão de ser do definhamento das democracias modernas.

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